terça-feira, 29 de novembro de 2011

Sex in the Closet - 1º Capítulo





Maisha Vladislav
“Sinto você se excitar quando todas as coisas que ama odiar”


Palavras eram poupadas, os corpos ardentes completamente inebriados dispensavam qualquer outra forma de comunicação. Os lábios vagavam pela pele macia, explorando cada mínimo pedaço exposto. As mãos viajavam através das curvas bem formadas, ora acariciando, ora puxando, ou até mesmo arranhando. O sutil movimento dos corpos predizia aquilo que se encontrava expresso nos olhos das meninas desde que se viram pela primeira vez, minutos atrás. Por fim: A consumação, a explosão de prazer que acordava cada célula de seus corpos. Gemidos, que poderiam facilmente ser confundidos com gritos, escapavam dos lábios selados das protagonistas.
As sensações ainda povoavam suas veias. No entanto agora o foco eram seus pensamentos. Enquanto uma planejava segundos, e até mesmo terceiros encontros, a outra simplesmente arrumava sua roupa e jogava sua franja de um loiro tão intenso que chegava a hipnotizar para trás. Enquanto uma ensaiava palavras para iniciar uma conversa que jamais existiria, a loirinha ocupava-se em lhe dar as costas pronta para deixar o cubículo no qual se encontravam. Sentia a outra seguindo-a com os olhos, antes mesmo que ela pudesse argumentar algo, Maisha a cortou: - Não vai estragar tudo agora.

“You have seven more seconds to
Decipher your life
Before my tongue become a
Blade and your brain gets sliced
I warned you before
I’m addicted to war
I was praying for Armageddon
On the day I was born”

Reflexos de chamas ardentes brincavam nas íris douradas da loirinha. Recostada sob uma confortável poltrona do salão de espera do aeroporto de Berlin; ela brincava de fazer círculos com seu isqueiro de estimação. Movimentava o objeto ameaçando jogá-lo em algo, apenas pelo simples prazer de observar as pessoas encolherem-se ao seu redor. Nessas ocasiões um leve sorriso intimidador surgia no canto de seus lábios róseos. Acompanhou mais um movimento abusivo das chamas antes de perceber o olhar perfurador sobre si.

- Porque não estou surpresa de vê-la aqui – sua voz não passava de um sussurro. Seu corpo reclinou-se sobre a cadeira para apreciar o corpo escultural da recém chegada. Mordeu suavemente o lábio inferior antes de encontrar o mais gélido par de olhos que já havia encarado. – Olá, Dietricha – falou suavemente completamente detida em uma avaliação detalhada das íris esverdeadas da outra. Sabia que a ruiva também a avaliava. Pelo sorriso irônico que surgiu em seus lábios, também tinha certeza de que ela aprovava o que via. Embora conhecesse a ruiva a vida inteira, afinal eram primas, ainda surpreendia-se com a intensidade de sua comunicação. Não precisavam de palavras, ou gestos, apenas olhares.

Deteve-se naquele olhar por mais alguns segundos. Viu-se despida perante as íris esverdeadas, sentiu a intensidade do amor não pronunciado invadir suas veias de forma tão avassaladora que chegava a fraquejar-lhe. Sabia que passaria um longo período afastada daquelas sensações. Portanto desfrutou de cada uma delas longamente. Amargou o fel venenoso da saudade que corroia-lhe a alma. – Então, a gente se vê – falou simplesmente sentindo sua saliva descer por sua traquéia como o mais cruel dos venenos. Segurava-se para manter sua pose rebelde e indiferente, porém ali, tão próxima da pessoa com quem mais se importava, tornava-se quase impossível. Deu as costas à prima antes que não resistisse à tentação de abraçá-la carinhosamente e dizer-lhe como sentiria sua falta.

“Incite and Ignite
Cried my muse
Elevating IQ’s as I enter
The room
It’s elemental
Defying gravity with these
Lyrical miracles & street
Philosophies”

- Heinrich – sussurrou friamente ao aproximar-se da figura desalinhada a sua frente. Deixou que seus lábios reclinassem-se em uma rara amostra de sorriso, ainda que este não fosse completamente sincero. Sentiu seu corpo torna-se ligeiramente mais rígido ao ouvir o comentário do outro a cerca do futuro. Ele tinha medo do que viria. Era compreensível, a própria Maisha também o tinha, obviamente jamais o demonstraria. – Medo é para os fracos – resumiu-se a dizer recostando-se no assento do avião que a levaria ao seu destino. Inglaterra, passar quatro anos estudando na universidade de Liverpool. Daí por diante sua única companhia eram seus pensamentos torturantes.

Existe uma tênue linha que divide a fantasia da realidade. No entanto tal linha torna-se imperceptível quando se vaga pelo mundo do subconsciente. Ou melhor, quando se vaga pelas profundezas de si mesmo. E era aquilo que a loirinha fazia, mergulhava em si mesma, entorpecia-se com as sensações contraditórias que suas lembranças causavam-lhe. Ora sorria, ora ansiava por gritar, ou ainda chorar. Revisitou brevemente a área externa da casa de seu falecido bisavô, focou-se nos rostos de seus primos atribuindo-lhes valores de importância em sua vida. Sua família possuía incontáveis defeitos, mas ainda era tudo o que residia de bom em si.

O tempo voava e logo o avião pousava na Inglaterra. Passeou os olhos pela janela observando a pacata cidade universitária onde residiria pelos próximos anos. Toda a claridade advinda da paisagem cegava seus pequenos olhos, habituara-se a escuridão, ao inverno constante, afinal passara os últimos anos de sua vida em uma escola obsoleta no norte da Rússia. “Essa foi sua escolha,” recordou-se duramente antes de começar a se erguer para deixar o avião.

“Breathe in deep
A sea of desperate dreams
I have no mouth
I must scream”

- Ei... Toma cuidado com isso. Ela vale mais do que você vai conseguir ganhar a vida toda. – gritou com um dos funcionários da companhia aérea que quase derrubara sua preciosidade no chão. – Deixa eu mesmo levo... É impossível encontrar alguém competente nessa pocilga- exclamou irritada tomando o vidro retangular das mãos do ser imundo que quase derrubara Lili, sua cobra de estimação, pela segunda vez. Escutou os risos altos de Heinrich que comentava algo sobre como seria engraçado vê-la morar só naquele país. Respirou profundamente contando até mil, porque dez não era o suficiente, para acalmar se acalmar e não acabar ela própria derrubando seu bebê. – Há há há... Super engraçado- falou sorrindo ironicamente enquanto jogava o vidro nas mãos do outro – E não ouse derrubar... – falou calmamente, porém o tom de ameaça era explicito.
Caminhava pelo salão com o queixo erguido e as feições rijas conferindo-lhe uma expressão desafiadora. Com os olhos encobertos pelos óculos escuros encarava cada criatura daquele lugar. Depois de alguns minutos de procuras exaustivas finalmente seu olhar foi atraído por um local mais afastado onde encontrava-se uma moreninha de expressões brandas e uma ruiva de beleza estonteante. Encarou-as determinada por uma fração de segundos antes de aproximar-se. – Acho que já estamos atrasadas pra conhecermos nosso novo apartamento, não? – Embora soubesse que a praxe mandava que se apresentassem e falassem sobre como seriam ótimas amigas Maisha não gostava desse tipo de sentimentalismo, para ela as relações eram regidas por sua objetividade.
Escutou Heinrich resmungar e apresentar-se antes de dar um abraço apertado nas meninas “que gay” pensou. – Passaremos os próximos cinco anos dividindo um apartamento tempo não faltara para nos conhecermos. Agora realmente estamos atrasados – falou firmemente arrumando a gola de seu sobretudo negro antes de encarar profundamente seus colegas e seguir na direção do exterior do aeroporto. Não precisou olhar para trás para ter certeza que estava sendo seguida de perto pelos três companheiros.
Ergueu uma das mãos acenando para um taxi que passava, dentro de alguns minutos os quatro jovens já encontravam-se devidamente acomodados no interior do veiculo enquanto nossa loirinha trocava algumas palavras tensas ao telefone. Aparentemente houvera um problema na entrega de suas malas que deveriam ter chegado dois dias antes quando uma arquiteta decoraria o apartamento.


“- Der Wahnsinn-
Ist nur eine shmale Brücke
Die Ufer sind Verhunft und Trieb
Ich steig dir nach
Das Sonnenlicht den Geist verwirrt
Ein blindes kind das vorwärt kriecht
Weil es seine Mutter riecht“


Encarou o antigo prédio com determinação, analisando-o cuidadosamente, este possuía características barrocas de ótimo gosto. No entanto em estado de claro abandono, logo teriam que arrumar um lugar melhor, ou dar um jeito naquela situação. Afinal, uma Vladislav amiga da mais alta nata alemã e britânica não poderia morar em uma espelunca qualquer. Era verdade que sua renda havia sido cortada pela metade, mas ainda era uma Vladislav, e ainda possuía o melhor, e mais influente, ciclo de amizades.
Sorriu levemente ao lembrar-se do glorioso quarteto responsável pelas melhores festas da escola, e também por uma grande parcela de “maldade” existente na mesma. As mais belas e astuciosas jovens do Internato, juntas formavam algo tão tenebroso, quanto era desejável e, certamente, imbatível.
Voltou a encarar o prédio a sua frente e dedicou-lhe seu melhor olhar de asco antes de seguir para o apartamento que haviam alugado semanas antes. – Dá pra andarem rápido – falou ríspida para os futuros colegas de casa. Não era que a alemã fosse sempre fria e ríspida, mas nos últimos tempos vinha passando por consecutivos reveses que a faziam torna-se ainda mais gélida que o habitual.
A verdade é que ela estava apavorada, pela primeira vez na vida desafiara os pais e agora pagava o preço de tal ato. Em geral a loirinha acatava alegremente as ordens estabelecidas por seus progenitores, no entanto ao descobrir do envolvimento afetivo de sua mãe com um rapaz que poderia ser seu namorado e que seu pai não só sabia disso como aprovava ela não teve outra escolha se não deixar a mansão Vladislav, onde vivera desde que nascera.
Encarou durante alguns segundos a porta do apartamento 1501, para então destrancar a mesma e adentrar o pequeno, porém confortável, ambiente onde passaria os próximos anos de sua vida. Passeou os olhos por cada cantinho do local analisando cada detalhe com afinco. Soltou um breve suspiro de resignação antes de se virar para seus companheiros – então é isso... Estamos aqui... Conseguimos – falou sem emoção sentindo os braços de Heinrich envolver-lhe em um abraço carinhoso. 

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O cônego - por Heitor

 “Vem do Líbano, esposa minha, vem do Líbano, vem...
As mandrágoras deram o seu cheiro.
Temos às nossas portas toda casta de pombos...”



A lua, em sua mais bela exibição, tinha sua luz refletida nas ondas do mar selvagem e excitante. Em um mausoléu afastado encontrava-se Heitor, recostado em sua janela espaçosa. Seus olhos, tão azuis quanto o reflexo da lua, completamente detidos em sua leitura: O cônego ou metafísica do estilo, de Machado de Assis. Suas mãos apertavam firmemente o papel, sua imaginação voava. A cada nova palavra, uma nova descoberta. Lia e relia... Sua concentração era tão intensa, que, por vezes, conseguia ouvir suas engrenagens cerebrais trabalharem em interpretações diversas. Divagava entre as palavras à sua frente e as diversas outras leituras que antecederam a mesma. Por um momento chegara a imaginar o que viria a seguir, mas logo voltava à atenção ao texto presente.

Parou, releu, raciocinou. Sua mente já trabalhava a frente, ou atrás, fazendo associações. Pelo canto de seus lábios róseos começou a surgir um sorriso. Lembrava--se vagamente de outro texto que lera pouco tempo atrás: “teorias e alegorias da interpretação no Theatrum de Michel Focault”, por Khalil. As sombras que cercavam sua imagem solitária pareciam modelar-se na escuridão, formando uma citação do texto lido: “O princípio da interpretação nada mais é do que o intérprete.” Através de sua janela o menino observou as copas das árvores bailarem formando uma nova citação. Dessa vez, de Paulo Freire: “Ler é reescrever o que estamos lendo. É descobrir a conexão entre o texto e o contexto do texto.”

Tomado pela surpresa, Heitor deu-se conta que era exatamente isso que fazia naquele exato momento. Por um instante, sua mente desprendeu-se das palavras de Machado, passando a divagar sobre as interpretações. Ora, se lhe era permitido associar o conto machadiano a teses interpretativas, não seria isso uma confirmação das teses interpretativas? Sim, seria! Mas, sem mais delongas, a atenção do nosso personagem voltou-se para a leitura decorrente. O sorriso voltou a brilhar em seus lábios ao reler sobre a tese criada por Machado. Em sua mente surgiam desenhos de um cérebro repartindo-se em diferentes pólos. As palavras penetravam sua mente e logo seu próprio cérebro começava a trabalhar, criando imagens de palavras que se entrelaçavam, casavam e até mesmo tinham filhos.

Mas, vamos com calma, (antes que o nosso personagem volte do mundo da lua), ou, seria do mundo das procriações? Explicar-lhe-ei a tese machadiana do “idílio-psíquico”. Os substantivos nascem do hemisfério direito do nosso cérebro, enquanto os adjetivos nascem do hemisfério esquerdo. Isso acontece devido ao fato das palavras serem divididas por sexo. Isso mesmo, por sexo! Mas por favor, caro leitor, não comece a imaginá-los tendo filhos. No entanto, vale ressaltar que sim! Elas amam umas as outras e encontram-se formando um casal.

Passada as devidas explicações, voltemos para o pequeno de olhos brilhantes que já avançava em suas leituras, iniciando um novo tour de divagações. Voltado para a lua, Heitor, passou a estudar insistentemente as formas de seus reflexos nas ondas desejosas. Embora, seu corpo estivesse voltado para tal cena, sua mente preocupava-se em analisar mais profundamente as palavras que já começavam a ser absorvidas.  - confesso que não.  - a sutileza machadiana pegara o menino de surpresa, e quando vira já estava falando com o texto. Pronto!!! A relação entre narrador e leitor estava estabelecida. Mas Heitor não estava satisfeito. Ele Queria saber mais, queria entender como era possível o texto comunicar-se com seu leitor. A resposta emaranhou-se por suas veias cerebrais e, mais uma vez, as sombras pareceram tomar formas, fazendo associar aquele momento com o texto de Khalil: “O discurso veicula e produz o poder; reforça-o, mas também o mina, expõe, debilita e permite barrá-lo”. Ora, se o discurso está relacionado ao poder, obviamente seus autores geram formas de manipulá-lo, visto que a interpretação depende inteiramente de seu intérprete. Tendo isso em mente, poderíamos dizer que ao produzir um texto, o autor delimita um determinado número de interpretações possíveis.

Ainda atordoado pela quantidade de informações despejadas em sua mente, Heitor titubeou, pensou em desistir. Mas sua curiosidade já havia sido aguçada e agora só lhe restava concentrar-se e concluir a leitura. Logo, a mente do menino voltava a divagar e uma nova cena ganhava espaço em sua imaginação. De um lado, um substantivo ganhava braços, pernas e é claro, boca. Do outro, um adjetivo ganhava os mesmos atributos, porém com algo a mais: um vestido. O substantivo já não era substantivo e sim Silvio. O adjetivo, por outro lado, virou Silvia. E assim, ambos, Silvio e Silvia, bailavam a procura um do outro. O barulho os atormentava, tornando sua comunicação quase impossível. De repente. O silêncio. Silvio avistou Silvia, e, esta, correu em sua direção. Juntos, bailaram através dos olhos de Heitor, que já começava a balançar a cabeça, agitando seus fios avermelhados, tamanha a confusão.

E o cônego? Perguntava-se Heitor ao final da leitura mirando seu título curiosamente. Repassou, mentalmente, todos os momentos do conto. O cônego estava escrevendo, foi interrompido para fazer um discurso e... Silvio e Silvia dominaram a cena. Como se uma luz se acendesse em sua mente ele percebeu o que agora lhe parecia óbvio. O cônego não passava de uma artimanha utilizada por machado para que pudesse lançar as bases de sua nova psicologia. Mas vamos com calma! Se Machado utilizou-se de um escritor enquanto este escrevia, para falar do processo de escrita, isso não seria metalinguagem? Obviamente, meu caro leitor. Eis a magia do texto machadiano. 

sábado, 5 de março de 2011

Anotações de uma mente perturbada...




Hoje eu preciso dizer o que sinto, por que meu peito explode em reclames gritando aquilo que minha voz precisa calar. Alguém me disse que o perigo, ou melhor, o proibido, é mais prazeroso, talvez essa pessoa tivesse certa. No entanto, em minha opinião, o amor não pode, nem deve, ser proibido, porque não existe formas de calar o coração, não tem como negar aquilo que o corpo demonstra em cada gesto, ainda que inconsciente. Hoje eu preciso calar a razão pertinente a minha alma, hoje eu preciso declarar meu amor, hoje eu preciso esquecer o mundo. Imersa nas águas turbulentas do mar sinto o silêncio marítimo invadir meus tímpanos fechando-me no mundo da minha mente. Paz, tranqüilidade, idéias, músicas, poemas, tudo tem seu espaço torturante nas vielas de conhecimento atordoado de meu cérebro... Fragmentos de uma realidade perturbada e inconstante... As ondas vão e vem batendo na rocha bruta, gélida, consistente, invariável... Pensamentos, sonhos, ideais, paixões, desejos... É tudo relativo, inconstante, variável, ao contrário da bruta rocha com a qual batem de frente... Um ciclo vicioso ironicamente estável no meio do caos de tudo isso. 

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O preconceito nosso de TODOS os dias...


Engraçado como algumas pessoas batem no peito pra dizer que são desprovidas de preconceitos, sempre que alguém me diz isso eu fico me perguntando em que mundo essa pessoa vive, porque simplesmente não pode ser no mesmo que eu.
O problema, em minha opinião, é a pré associação da palavra preconceito com algo negativo e estereotipado, o que acaba gerando um pré-conceito com a própria palavra, se você diz que é preconceituoso, logo aparece um grupo de pseudos intelectuais a lhe julgar, colocando-o em uma cruz, pronto pra ser crucificado, quando na verdade se está demonstrando uma opinião, afinal, apesar de tudo vivemos em um país livre.
O preconceito nasceu, e cresceu com a humanidade, mais que isso ele foi um dos fatores que levaram ao seu crescimento, um exemplo simples, em Esparta, Antiga Grécia, os bebes ao nascer eram analisados friamente, e caso houvesse qualquer indicio de falhas em sua constituição, que hoje são conhecidas como doenças, ele era descartado antes mesmo de ter uma oportunidade de crescer, muitos podem pensar, nossa que coisa mais deplorável, e eu lhe pergunto, será mesmo? Esparta era uma cidade completamente voltada para a guerra, onde simplesmente todos os seus habitantes eram treinados severamente para isso, e dentro dessas condições um cidadão “defeituoso” simplesmente não era válido para os propósitos do todo, no caso da cidade, logo eram descartados, hoje isso parece deplorável, mas na época era uma questão de sobrevivência, afinal se não tivessem os melhores soldados, como derrotariam seus inimigos?
Felizmente nós evoluímos e passamos dessa fase de vivermos pra guerra, apesar de em minha opinião ainda vivermos em uma guerra constante, mas isso é assunto pra outro post, mas o preconceito não é algo exclusivo, pelo contrário é extremamente mutável, por exemplo, quando se ver um menino maltrapilho, com aparência de drogado, qual sua primeira reação? Atravessar a calçada, ou tentar entrar em algum lugar pra esperar que ele passe, e depois seguir o nosso caminho, isso é preconceito sim, mas é um preconceito movido pelo nosso sentido de auto preservação, porque nos foi passado, através da televisão, rádio, parentes, amigos etc, que todo lugar é perigoso, e que pessoas com esse perfil tendem a ser criminosos, significa que todo maltrapilho é ladrão? Ou que todo drogado é ladrão? Obvio que não, mas você também não vai parar pra perguntar ao individuo se ele é ou não criminoso, logo é uma questão de sobrevivência ser preconceituoso.
Observe que em ambos os exemplos que citei o motivo pelo preconceito foi exatamente o mesmo, ainda que existam séculos de diferença entre os casos, é claro que existem preconceitos de diferentes formas e realidades, outro exemplo é o preconceito contra os negros, que já foi tão amplamente discutido algumas décadas atrás, dito como incoerente e desumano, agora pensemos em alguns séculos antes, o homem europeu chega à África e encontra toda uma população de pessoas forte e determinadas, com uma cultura própria, e dispostas a lutar por isso, qual a solução? Escravizar e descriminar essas pessoas, para que acuadas, se tornem domináveis e submissas aos seus caprichos, e com isso não apresentasse maiores “perigos” para a cultura e crescimento Europeu. Não estou querendo dizer que a atitude dos colonizadores foi certa, mas ela foi necessária, pelo menos para a cultura européia.
O que quero mostrar é que o preconceito é só uma questão de perspectiva, e principalmente de necessidade, é através dele que se mostra as necessidades e temores de uma sociedade, logo se torna uma parte importante dos aspectos culturais que envolvem uma determinada época, mas como disse antes é algo mutável, logo reversível, mas assim como todos os outros aspectos culturais de uma sociedade, ele depende da mesma para mudar, essa mudança não é algo imediato, e uniforme, veja só o exemplo dos negros, até hoje ainda existem lugares onde o preconceito contra os negros se faz presente, mas ele está sendo instinto, isso se deu muito pela luta deles para que isso acontecesse, afinal para os “brancos” a situação era extremamente favorável, logo para que um determinado preconceito seja instinto é necessária a luta dos desfavorecidos pelo mesmo, luta essa que consiste na mudança de mentalidade daqueles que o cercam, e isso, como já dito, não acontece da noite pro dia, não é uma ação, é o conjunto delas.
O preconceito existe, e se faz necessário para o nosso crescimento, só cabe a você julgar quais conceitos lhe são aplicáveis, e quais aqueles que devem ser revistos, e impostos ao seu meio, talvez você não mude o mundo, mas a cada pessoa que você conseguir mostrá-lo já será uma a mais para a sua luta.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Das coisas mais simples...


Quantas vezes você não precisou conversar com amigos e se utilizou de meios cibernéticos para fazê-lo? Eu particularmente já perdi as contas de quantas vezes já fiz isso, é mais praticamente, e certamente mais econômico que ir até a casa da pessoa, mas às vezes eu me pego me perguntando até que ponto isso é tão vantajoso assim, é obvio que a internet é um elemento diminuidor de distancias, mas ao mesmo passo que ela diminui será que ela não aumenta distancias?
Quando se está na internet, a China pode estar a um clique de distancia, mas ao mesmo tempo em que ela diminui distancias geográficas, pode aumentar, até mesmo tornar intransponíveis, as distancias sentimentais... Como assim? Um exemplo simples e corriqueiro: Passamos o dia trabalhando, ou estudando, chegamos em casa cansados, esgotados física e sentimentalmente, ansiando por um pouco de paz e tranqüilidade, querendo jogar um pouco de conversa fora, quem sabe tomar uma cerveja e depois ir dormir relaxado e feliz... E o que você faz para atingir seus objetivos? Liga pra o namorado (a), ou um amigo, ou, o que é mais provável, entra na internet e conversa com o namorado (a), ou amigo, depois disso vai dormir descansado e talvez a até mesmo feliz... Alguns anos atrás, você chegaria do trabalho e talvez fosse para casa do vizinho conversar, tomar uma cerveja, dançar, e depois disso ir dormir.
Outro exemplo simples: É quando algum professor da faculdade passa um trabalho em grupo, e a primeira coisa que se pensa é dividir os tópicos do trabalho entre os membros do grupo, cada um fazer a sua parte e enviar por e-mail para os outros, o que é obviamente bem mais simples e prático, isso sem contar que economiza toda uma tarde que seria perdida pra fazer o trabalho na casa de alguém, no entanto ao mesmo tempo em que se “economiza” uma tarde, se perde toda uma tarde de lembranças de emoções e experiências únicas.
O que estou querendo dizer com esse texto não é que paremos de usar a internet e voltemos à era da pedra, até porque isso seria uma super hipocrisia vindo de alguém, como eu, que passa boa parte do dia em frente a um computador, apenas gostaria de relembrar o valor das coisas simples, que sem duvidas em muito momentos são muito mais prazerosas.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Um pouco de tudo



Hoje estava pensando, e antes que alguém faça aquela velha piadinha de nossa você pensa? Sim, eu penso, é uma coisa meio rara sabem, meus neurônios tiram férias sem aviso prévio e data para retorno, mas o que interessa no texto de hoje é que eu pensei, e bastante, sobre a historia da música, mais uma vez eu sei o que vocês tão pensando, nossa Rach dessa vez você se superou, que coisa mais idiota sobre a qual escrever... Você acha mesmo? Bom eu tenho certeza como acham, afinal se não achassem estariam lendo um blog musical, e não o meu... Mas, enfim, voltando ao que interessa, eu estava pensando sobre a historia da musica e na forma como ela veio parar aqui, mas aqui onde meu deus do céu? Aqui ué, aqui nessa bosta que a gente ver tocar nas rádios de hoje em dia.

De Aviões do forró a Cine, sinceramente? Para mim é tudo o mesmo lixo, músicas fruto de uma sociedade decadente e sem cultura... Nossa também não é assim né? É assim sim, os retardados que tocam nessas bandinhas de pseudo rock não são os culpados disso, apesar disso não retirar a parcela de idiotice deles, ou de seus fãs mais retardados ainda, sabe o porquê disso? A música, assim como a literatura, a forma das pessoas se vestir, o que comem etc são o reflexo da sociedade e suas crenças... E sinceramente, se você não sente vergonha de ter sua cultura representada por isso (Aviões do forró, Cine, Restart etc) eu tenho pena de você, porque já é um caso típico de pessoa consumida pela ignorância a qual somos submetidos a cada dia.
Vamos voltar alguns anos atrás, um pequeno passeio pela historia do Brasil, estoura a ditadura militar, e o que acontece? A sociedade se revolta, não toda ela, claro, mas grande parte dela... Os jovens vão às ruas... Morrem... São torturados... Tudo pelo que? Por um ideal, tudo por acreditar em um futuro melhor, e eles lutaram, muitos com suas próprias vidas, para que suas vidas no futuro, assim como a de seus filhos fosse melhor, fosse LIVRE... E em 1985, finalmente, a ditadura militar tem seu fim, todos os jovens rebeldes, aqueles que ainda estavam vivos, relaxaram, confiaram que seu trabalho estava feito, e acreditaram que o futuro seria melhor... Dez anos depois, nada mudou, e as coisas só fazem piorar, os governantes cada vez piores, que só fazem roubar, e com isso aqueles jovens guerreiros, cheios de esperança, se vêem desiludidos, sem esperança, sem chão, sem nada no que acreditar.
Esses jovens que agora são pais, professores, médicos, advogados, artistas, ou seja, os construtores das verdades dos novos jovens, e toda a frustração, a descrença, a vergonha, foi passada pra essa geração de jovens, jovens desiludidos e sem fé, completamente manipuláveis. Agora vamos juntar esse jovens, que nada querem saber sobre política, economia, ou qualquer outra coisa ligada ao governo, aos próprios governantes, estes que já começavam a se ver sem solução, já que a ditadura não conseguiu atingir seu objetivo de manipular a população, e é nesse momento que surge uma luz, a solução de todos os seus problemas: Manipular os jovens, para isso eles armaram todo um esquema minuciosamente preparado para desviar toda a atenção da população do governo, e o que quer que ele esteja fazendo, como?

Simples, primeiramente eles pararam de investir na educação, claro, afinal de contas quem tem conhecimento tem poder, e poder é algo perigoso, eles tiveram a exata noção disso quando tiveram a ditadura posta abaixo por jovens estudantes, músicos, poetas e escritores, ou seja a base cultural de uma sociedade, o reflexo de seus desejos, segundo passaram a dar muito mais valor a jogadores de futebol, pagodeiros, artistas de TV, e qualquer outra classe que não precise ter um mínimo de conhecimento para exercer sua função, e ainda ser uma figura conhecida e respeitada por todos, e claro não esquecemos o principal, abrir as portas para todo o consumismo americano invadir o país como uma febre de moda e tecnologia que simplesmente obriga as pessoas a comprarem tudo que vêem pela frente, ainda que não precisem.

Agora voltemos a pensar em como chegamos onde estamos, simples, aqueles jovens, antes desestimulados, e facilmente manipuláveis, agora se tornaram seres consumistas, que só pensam em como conseguir dinheiro para comprar uma roupa de marca, ou um computador top de linha, ou o novo vídeo game do mercado, pessoas egoístas e tão distraídas em seu mundinho de necessidades limitadas que simplesmente não se dão conta do que acontece ao seu redor, exatamente o tipo de pessoa que os governantes desejam pra manter o país nessa merda que está e ainda fazer a economia crescer... Mas perae Rach, o que isso tem haver com as bandinhas de hoje em dia? TEM ABSOLUTAMENTE TUDO HAVER... Porque como disse no inicio do texto, a música é reflexo do comportamento da sociedade, e que tipo de música você podia esperar de uma sociedade consumista e egoísta?
O hoje pode estar perdido, e confuso, mas o amanhã é construído a cada segundo que passa, e depende de nós, jovens, fazê-lo valer à pena... E é nessa hora que eu lhe pergunto, você tem algum objetivo pelo o qual valeria a pena morrer? 







sábado, 28 de agosto de 2010

Memórias, não são só memórias...





“Memórias, não são só memórias
São fantasmas que me sopram aos ouvidos
Coisas que eu...
Memórias, não são só memórias
São fantasmas que me sopram aos ouvidos
Coisas que eu nem quero saber

                                     Pitty- Memórias


 Hoje não to aqui pra falar de algo que gosto, ou engraçado, estou aqui pra desabafar... Uma coisa particular e pessoal. Alguma vez você já teve uma lembrança tão forte, ou tão intensa, que chega a doer só de pensar? Eu já... E como dói, quando se perde alguém amado a dor é quase insuportável, mas você ainda tem as lembranças, e quando elas doem mais do que a própria dor da perda? Ou ainda pior, não se tem lembranças? Às vezes a dor toma conta, e parece ter a capacidade de arrancar de mim todo e qualquer vestígio de felicidade, uma única lembrança, um único “fantasma” que faz com que todas as lembranças felizes sumam, me desarma, me deixa no chão... Às vezes eu associo essa lembrança, aos dementadores de Harry Potter, que são capazes de sugar toda a felicidade ao seu redor, nos livros Harry se concentra em uma lembrança feliz e pronto, mas e quando a dor é tão forte que essa tal lembrança feliz simplesmente se torna inexistente?
Eu não to aqui pra escrever um texto de auto-ajuda também, até porque se tivesse respostas pra essas perguntas, eu não estaria aqui escrevendo por ta mal... Mas de certa forma eu posso dizer que achei uma solução, já que eu estou aqui escrevendo justamente pra me sentir melhor, por outro lado eu não to enfrentando o problema, como muitos de vocês diriam pra fazê-lo, e até eu mesmo gostaria de fazer, mas a dor é grande demais... É a dor de anos, mas ao mesmo tempo de um único dia, uma única coisa que nunca foi superada, e pelo visto assim vai continuar por um bom tempo.